31 janeiro 2011

Nebuloso

Nebuloso


Sou a nebulosidade que te habita
A imagem sem som que persiste
Em te procurar nos cantos dos olhos
Nos olhos que buscam um outro alguém

Que cansados, se fecharam,
E imitaram as nuvens, onde
Cada memória em que habitou
Se transformou no presente passado

Na distância penosa, no reconhecer
Que todo o sonho, foi ilusão
Que se deixou levar, pela brisa
Da insensatez de um tolo querer

De construir um castelo
Onde cartas rogam fragilidade,
Números são repetidos, caos
O repentino fim agoniado

Respiro...
Busco o ar...
Respiro...
Suspiro...

E finalmente aceito...

Que no meu peito
o peso foi nebuloso.


Magno Pinheiro

22 janeiro 2011

Descanso

Descanso


O azul que delicamente sustenta o céu
O negro pálido que assombra a sombra
O vazio que sustenta a solidão
Colunas de mármore se esguiam ao alto

Verdejantes pastos que cortejam o solo
Como um acetinado veio de marfim
Pintam idéias que sussuram o surreal
O assombro inevitável, palavras

Por onde rastejam os pés,
Raizes que se esgueiram no profundo
Asas que adornam a leveza
Gentil beleza, poder contemplar

Com olhos fechados, a fitar
Direções, velocidade, intensidade
O que vejo, senão órbitas sonâmbulas
Em voltas, ao onírico centro do meu ser

Descanso.


Magno Pinheiro

07 janeiro 2011

Rouxinol

Rouxinol


Tal qual belo canto
Se espalha pelo noturno ar
Canto vindo do teu corpo
Rouxinol da cor de pele

Que encanta os ouvidos
Que emparelhados buscam a fonte
De tamanha riqueza e detalhes
Boca que aveluda o honroso prazer

De escutar bela voz, proclamando
Aos céus tamanha sintonia
Que emerge de teus lábios
Que afugentam a distonia errante

Que antes pairava no rude mundo
E que agora se faz mais belo
Ao tom angelical vindo de tua voz
Sopro do divino ser em forma de mulher

Que delicamente desceu dos céus
E tocou o meu corpo, como em uma busca,
A busca pelo ninho, o caminho certo
De onde te peço para não partir.

E agora te peço..

Venha, venha para mais perto, sussure tuas notas
Em meu ouvido e me hipnotize bem de perto
Transborde o desejo revigorante do seu alento
E me preencha com o afago q
ue reside em teus lábios.

Meu Rouxinol


Magno Pinheiro