18 dezembro 2008

Sinta...

Sinta...


Sinta, o que eu sinto
Quando eu me encareço pelo teu toque
Sempre buscando o teu regorjeio, teu canto
Que desperta aquele instinto

Tão vivo...o meu coletivo insano,
Minha coleção de desejos,
Trancados por uma cela feita de quatro cantos,
Aonde o meu corpo tão egoísta e faminto

Te deseja intensamente, e deseja se fechar
Somente...somente em você...percorrendo, deslizando
Vagueando pelas tuas partes tão quentes
Tão íntimas, tão minhas, no meu egoísmo

Que me dilacera a alma em um devaneio,
Que me incendeia, que me encandeia
Por saber que o que me motiva
É saber que o teu corpo, pertence ao meu...


Magno Pinheiro

15 dezembro 2008

Liberdade

Liberdade


Eu gostaria de poder velejar pelo mar
E prensar a minha sombra contra as nuvens
Moldar o meu universo de idéias,
E me deixar levar, por onde o vento quisesse me guiar

Tão solto, viajando por correntes
E por correntes caminhar, para onde o seu elo
Me levasse, àqueles que na mesma corrente
Viessem a buscar, liberdade, liberdade...

Que o corpo busca, sede insaciável
Fome insaciável, um corpo sem asas
Um caminho para o paraíso, o eterno...
Desejo de voar ao lado de tuas asas

Formando um vasto corpo, um vasto...
Corpo de andarilhos do ar
Andarilhos que vão e que vem
Sem destino certo, a vagar

Pelas linhas do eterno, sem estarem presos
Livres, a busca de respostas, a busca de perguntas
Mas que ao mesmo tempo, livres delas viriam a estar
Livres, como pássaros sem um ninho, livres

Sempre a buscar do néctar da felicidade
Que viria a viciar e momentamente preencher,
E logo mais despertar novamente fome, sede...
Por algo que eternamente vivenciarei

Mesmo com os pés voltados para o céu
Minha morada, e que de cima a abaixo
Viria a te encontrar, sobre os meus olhos
Estendendo as mãos a procura da corrente...

Do elo, que o meu braço viria a se transformar
Quando ao meu lado viestes a ficar
Em busca daquilo que sempre desejamos
E que nunca pararemos de almejar

Liberdade...


Magno Pinheiro

Se eternamente por ti

Se eternamente por ti


Todo corpo feito de pecado,
Molhado, secado, e novamente molhado
Pelo corpo que seca o corpo,
Pelo corpo que molha o corpo

Em eterno alvoroço, em eterno prazer
Dois amantes entrelaçados, ao toque
Ao que é teu, ao que é meu
Ao anoitecer, ao amanhecer

Tempo que aquece e esquece
Onde existe penumbra, sombra
Que perdura, incesantemente
No rastro de luz que o meu olhar alcança

Ao longe e ao mesmo tempo perto
Dos teus olhos, que alcançam o universo
De palavras que só o teu olhar pode passar
Complementando a palavra gêmea

Que desde sempre no meu olhar veio a morar
Sempre a busca daquela metade, tão viva
Mesmo em sonhos, tão viva
E tão viva a morar

No reflexo do meu olhar
Aonde vejo e revejo,
Idealizo, e por ti caio em gracejos
Quando vejo que o pecado seria

Se eternamente por ti
eu não viesse a me apaixonar


Magno Pinheiro

14 dezembro 2008

A quem o desejar...

A quem o desejar...


Minhas palavras não cabem no seu espaço mental
Elas não se retem e transborbam pelos seus olhos...
O transbordar não enche a minha janela
E basta uma palavra uma reles palavra

Para ocupar o meu espaço, meu grandioso espaço
O meu caderno de escritas invisíveis...
Já criou o seu mundo, que não consegue se prender
Nem a paisagem da foto mais linda, que se consome...

Não posso mais te ver
Pois é pequeno por fora
É inexpressivel quando se toca
No momento, no agora, no verbo

Que proferi buscando outro momento
Tão vago, passado, e que enxerguei
Quando procurei pela palavra
Que somente o meu fôlego soube sustentar

No vago espaço do tempo, no meu tempo
Tão pequeno, tão...e só tão...só
Que pendurei uma história nessa janela
Manchada pelo basta que almejei ao olhar

Um quadro de idéias, formas, cores
Maiores e melhores, para mim
Meu egoísmo, que hoje canto
Para a brisa mais suave
...

Levar como despedida

Para quem o desejar...


Magno Pinheiro e Marco Souza

10 dezembro 2008

Moreninha

Moreninha


Moreninha, linda de se ver
Teus olhos são frutos do mais puro desejo
Vivos, marcantes, cambaleantes
De um jeito tão seu

Conduzem para caminhos,
Onde não existe maldade
Pois tu és feita de luz
Que ilumina e transcende

Queima, arde e que de um jeito tão seu
Surpreende, por ser mulher criança
Mulher deusa, mulher que amadurece
O fruto do meu desejo

Aqui no terreno do meu peito,
Vasto campo, teu arrado,
Marcado por você, com tuas passadas
Teu ritmo, flor...

Que guarda junto ao teu perfume,
Junto ao teu cabelo
Com jeito de menina mulher
Que faz da risada marcante

Um canto de veraneio,
Onde alegria, teu recanto
Se transforma na morada daqueles
Que a ti vieram procurar

Tão viva na roda,
Roda da vida não viva
E que saudades vem a deixar,
Quando a tua voz para de ecoar...

No Fundo da roda do meu coração...


Magno Pinheiro

06 dezembro 2008

Foi-se o tempo

Foi-se o tempo


Foi-se o tempo,
Que se deixou levar
Levado, por palavras
Um dia antigo que se passou

No ontem, foi deixado um par...
De idéias, desejos, vontade
Conhecer era o mistério
Mistério que o tempo soube moldar

Com mãos de quem ainda espera encontrar
Respostas, em um toque, em um momento
De desconfiança, cria de um passado incerto
Do que foi resolvido e resolvido deixou de ser

Mas, isso não é certo, ou não seria certo
Dizer que o tempo foi o único a criar
E levar e deixar de formar o que poderia...
Poderia mas não foi, pelo medo de sustentar

Um peso que cansaria o corpo,
Afundaria os passos meio a um sorriso
De quem não sabe se seria certo sorrir
Ou simplesmente vivenciar mergulhado em sentimentos

O que poderia ser, ao lado de dois
Ao lado daquela que poderia ser minha
Minha alegria, minha decepção, meu desejo de criar
Minha palavra, meu abraço, meu afago no peito

Foi-se o tempo, por sermos dois
E no mesmo tempo um tempo em cada tempo
Vivenciado de uma maneira, que quisemos vivenciar
Fugas, desculpas, jogos, tudo o que podia

E o que não podia,
E pelo mesmo motivo
Sem o abraço sincero do outro,
Viemos a ficar

Sem o outro, sozinhos...


Magno Pinheiro

04 dezembro 2008

Medo e Coragem

Medo e Coragem


Tive medo de dizer mentiras,
Tive a coragem para dizer verdades
Em um redemoinho insólito
Minha mente procurou em vão

Situações que poderiam ser
Contadas como linhas enfileiradas
Palavras organizadas, histórias
Livro com cor de vida, saudade

Choro ressentido, que nasceu de um amanhã
Sem um agora, sem nada a contar a mais
Por per sido perdido, por ter se perdido
Em uma confusão que somente eu não poderia sustentar

Com braços frágeis e ressequidos
Pela falta de água que nutria meu corpo
Usada para limpar a estrada que a alma toma
Para a ti chegar, e para ti retornar

Ao menos uma vez, ligeiro, como um pensamento
Que somente o vento entende por ser ligeiro
Desapegado, que vive entre trilhas e esquinas
Caminhos por onde andei, caminho por onde andará

Sem passos fixos, somente saudade
Um ali , um outro ali, e um outro lá
Somente saudades, saudade ligeira
Que passa e não se desgoverna

Nem ao menos titubeia, somente passa,
Nesse redemoinho insólito chamado saudade
Onde ruas possuem nomes, e onde nem ao menos
O meu nome, encontrarei por lá

Tive medo de dizer mentiras,
Tive a coragem de dizer verdades
E mesmo um coração que chora
Não nega...sentir saudades


Magno Pinheiro

03 dezembro 2008

Traços

Traços


E tracejo, por linhas tortuosas
Caminhos, tão longínquos, tão vertiginosos
Que o tempo se distancia do meu espaço
E me faz procurar pelo novo dia

Onde voltei a me perguntar
Se em meu espaço, as horas vieram a contar
Histórias onde tudo era o nada,
E o nada era tudo o que se desejava criar

Fora do esquecer, fora do meu muro
Apelo puro, onde lamentava...um lamento
Que ocupava meu espaço em um abismo
Quadro que esqueci de pintar, sem tinta

Pele seca, sem vida, sem direção
Acima, abaixo, esquerda ou direita
Meros acontecimentos, leves enganos
Aquilo o que foi pensado e dito

Um engano, não seria certo dizer ?
Que tudo o que digo é o que não seria dito
Se meus lábios não selassem o mistério
Que o teu olhar sempre me mostrou

No reflexo que sempre estampou no mar
Refletindo o que tu és, em um momento
Em um mero momento, sem espaço e nem tempo
Aonde fostes, foi, será...mesmo que sem tempo

Espaço que ocupou, mesmo não querendo ocupar
Em um tempo que não saberia contar,
Um vazio, ocupado pelo vazio
No vazio tracejado...

Traços...


Magno Pinheiro