30 março 2009

Suspiro

Suspiros


Em minha cama, deslizo, como um ponteiro
Como um ponteiro que desliza pelas horas,
Tentado pelo desejo de repetir
Aquele beijo, aquele teu carinho uma vez mais

No seu território, no nosso dormitório,
Dois sonâmbulos no amar, perdura, procura
Desejo de somente concretizar, e de esquecer
O descanso, que o corpo insatisfeito não procura

Não se conforma, e se apavora com a idéia
Do parar, do limitar, do não, não há...
Queda de um palco que quero e procuro evitar
Pois não te encontro fora dessas linhas

Que não abraçam o seu contorno, sua beleza
Que adornam os meus profundos e insaciáveis desejos
De ter-te imensamente, infinitamente,
No meu universo, no universo de meu coração

Imponente, consequente, latente
Por ti, em um ritmo, no seu ritmo
No despertar, não há o que acalmar,
E sabes, como orquestrante desse vasto amar

Como me incinerar, em brasas, ardor
Que acende em minhas veias, guiando
Prazeirosamente o que por ti
E que somente por ti o meu corpo voltará a bradar

Como um eco insano, aonde só por último
Vagueando pelo quarto, como último som
O resultado do que você soube
De mim sutilmente invocar

O meu suspiro...de amor.



Magno Pinheiro

27 março 2009

Dúvidas

Dúvidas


Nós temos o mundo, o nosso mundo
Aonde criamos expectativas
Limites, encantos, desencantos
Fingimos e encaramos com um sorrir

O tempo que já foi o tempo
Em um tempo em que o tempo era,
Foi, foi-se, perdeu-se
Criou-se, e imaginou-se

No limiar de idéias, palavras
Dúvidas serenas, sublimes
Sorrateiras, escusas
Estranhas, por que do imaginar ?

Pergunto, perguntas,
Em minha visão, no meu coletivo
No nada de mais, no mais
No menos, subtraio pensamentos

Renegando os de uma forma tão criativa
Que começo a encará-las, na hora de dormir
A desfilar, enfileiradas pelas brechas
Do meu oposto sonhador, meus olhos

Aqueles que vêem o que ao menos
Sei que posso, no mais tocar
Distantes, próximos, reais
Concretos, do mesmo chão que piso

De cor apática, nesse mundo
Nesse mundo, aonde criei,
Expectativas, tentando fugir
Do meu objeto, meu confronto

De cor irreal, estrada de ouro
Aonde possa levar para longe
O que não quero viver
Para bem longe.

No quem sabe,
Uma vez mais,
No quem sabe,
Dúvidas.


Magno Pinheiro

15 março 2009

Acompanhar

Acompanhar


Se você está esperando por alguém
Olhe para o céu, veja as nuvens passarem
Há muito ainda a se ver, formas em sua mente
Tudo o que você deseja, e que não pode procurar

O tempo está apenas começando,
A contagem das horas não importa mais
Há muito o que se dizer para o céu
E tudo está tão longe...

Tudo está no seu lugar
Há muito a se viver, no agora
No acolher das palavras
Laços, adornos que se desejam

Com um único alguém, somente...
O que um abraço pode aportar,
Depois de tanto vicejo ao tudo
O nada, o nada se deseja evitar

Tão longe de tudo
Tudo, está em seu devido lugar
Ainda há muito o que se desenhar
Na espera acompanhada

Por um céu que continua,
Companheiro, e a esperar
O fim do agora, para um outro alguém
Novamente acompanhar...


Magno Pinheiro

11 março 2009

Nunca disse que seria fácil

Nunca disse que seria fácil


Nunca disse que seria fácil
Suspender a vida em vitrais
Se conformar com a luz
Que vem de fora de um olhar

Senão um ponto a mais
Um sonho quebrado
Um despertar indesejado
Fazer e falar, em um somente...

Instante, que vindouro
Virá como um presente
Indesejado...surpresa !!!
Surpresa esperada...

Não há o que calar
Aquele momento, tão difícil momento
Foi somente o que se quis evitar
Entre o desejo de esperança

E um pálido sopro entre os lábios
Ressequidos por tanto pronunciar
Secretamente aquele segredo
Que aos ouvidos vieram a chegar

Não há mais...como sustentar,
Tal segredo em forma de verdade
Aquela mesmo que se evitar pronunciar
Aos ouvidos temerosos, aos recantos da memória

Onde viveu, vive e viverá
Tamanho desejo de carinho
Por anos saber falar de segredos
Por anos tua saudade matar

Nunca disse que seria fácil...
Em ti, meu carinho repousará...


Magno Pinheiro

04 março 2009

A Tarde

A Tarde


Você conquistou a tarde,
Fez o mundo parar, criou a eternidade
Horas seguidas, sorrisos eternos
Beleza acima da beleza

Conquista única do meu querer
Aonde descobri a outra metade
No peito vibrante, puro vicejo
Aonde escuto os teus desejos

Desenfreados, descabidos
Ardentes, carentes
Marcantes, apaziguados
Por um beijo único

Aquele teu pedaço de céu
Aquele teu almejo transparente
De sua boca cor de pecado
Sedenta, pela fonte única de prazer

Em tua perdição, que vira vilania
Quando se encontra em solidão
Aclamando desenfreadamente
Pela presença que irá retornar

Aos teus braços, fomentos
Pelo meu abraço, que impermeará a tua pele
De qualquer outro toque senão o meu,
Teu querer, teu completo querer

Na tarde,
que você conquistou...
O beijo que o seu desejo...
Tanto procurou...


Magno Pinheiro