28 maio 2005

Batucadas no "Batuque"

"Nunca dê carona a estranhos", era a frase que a Mãe dizia pro Pai quando era ele quem dirigia o Batuque. Batuque é o nome desse mesmo caminhão onde meu traseiro sacoleja agora. Eu ouvia a frase desde pequeno e acho que é por isso que a Mãe não se deu ao trabalho de repetir para mim até a exaustão. Certamente achava que não seria necessária. Sempre atribuí a frase ao filme "A morte pede carona", achando que era por isso que a Mãe se preocupava tanto. Certamente uma bobagem. Por isso dei carona pro homem. E além do mais ele não era tão estranho à primeira vista, não até eu começar a reparar nos detalhes. Quando deixei o sujeito no cruzamento lá atrás, sei que não me controlei e deixei escapar um sorriso aliviado. O homem também reparou no meu sorriso, tenho certeza que me via pelo retrovisor. Via sim. E sorria também com os dentes cheios de sangue e carne picotada miudinha, miudinha. Agora enquanto piso fundo e vou acelerando o Batuque, vendo que ficou mesmo parado lá atrás, na beira da estrada, juro a mim mesmo que nunca mais vou deixar de ouvir minha santa mãezinha. Vou ter que pedir perdão pra Mãe. E daqui em diante, não deixo de ouvir o que ela diz. Não mesmo. O importante é que passou. Escapei e estou na estrada outra vez.
"Mas que barulho irritante", pensei comigo enquanto via o cozinheiro bater na sinetinha e me esforçava pra mastigar o meu sanduíche oleoso.
- Dá pra parar de bater na campainha? A garçonete certamente não é surda, está apenas ocupada - disse o sujeito a meu lado, dirigindo-se ao que ostentava o avental ensebado, com uma voz cadenciada, macia e baixa, porém firme.
Funcionou. A campainha parou de soar e o cozinheiro voltou pro interior da cozinha apenas resmungando algo incompreensível, ao menos do balcão onde nos encontrávamos. O homem olhou pra mim e piscou, como se soubesse que eu também estava irritado com o barulho. Sorri de volta.
- Boa! - comentei balançando a cabeça em sinal afirmativo antes de retornar ao meu esboço de sanduíche.
A garçonete se aproximou, sorriu pro homem e apanhou o prato que o cozinheiro havia deixado no passador. A mão correu ao lado do caixa, apanhou algo e seguiu com o trabalho. Ao cruzar uma vez mais pelo sujeito a meu lado, colocou um bombom, certamente o que pegara no caixa, ao lado do prato dele. Gesto generoso e possível sinal de que se o sujeito realmente quisesse, teria muito mais do que um obrigado mais tarde. Sim, seria um belo obrigado. Vi quando guardou o bombom no bolso displicente.
Mais uma vez o homem me olhou e piscou. Começava a me dar realmente a maldita impressão de que sabia o que eu estava pensando. Dessa vez sorriu antes de mim e balançou a cabeça afirmativamente enquanto proferia um "Boa!" exatamente como eu fizera há pouco. Sorri novamente.
O par de botas surgiu na janela do meu caminhão. Confesso que quase gritei. Não é fácil ver um par de botas surgindo na janela bem perto de sua cabeça. Quando me recompus olhei para fora e vi que o sujeito do balcão segurava as botas acima da cabeça.
- Troco por uma carona adiante - foi o que me disse assim que eu baixei o vidro e me inclinei - sei que é o seu número, fique sossegado. Sei que um sujeito de bom coração como você me levaria sem cobrar nada, mas esse é um presente, são pequenas demais para mim. Não é troca pela carona não. É presente, independente de você me levar ou não.
Olhei para as botas e vi que eram novas, sem sinal algum de uso. Não pareciam ser roubadas. O sujeito havia sido muito esperto. Se eu não lhe desse carona, seria um sujeito de mau coração, fora que ele me dera um presente sem pedir nada em troca, pelo menos supostamente, uma vez que não me dava as botas em troca da carona. Sujeito danado de esperto. A Mãe perdeu dessa vez. Fiz sinal para que desse a volta e entrasse na boléia.
O sujeito não se rogou. Entrou rápido no caminhão, ergueu o banco como se soubesse exatamente o que fazia e guardou as botas junto com o restante das minhas roupas e sapatos. Será que todos os caminhoneiros faziam isso? Possível. Engrenei e saí fumarando pra pista.
- Pra onde vai indo, amigo? - perguntei depois de um tempo iniciando a fiada.
- Pra frente. Sempre para frente. Não se preocupe, desço antes de você se sentir incomodado comigo. Tenho trabalho aí pra frente, não sei bem onde, mas logo vou saber. Não tem com que se preocupar, mas a Mãe estava certa. É perigoso dar carona.
Arrepio é algo estranho, sabe? Tem hora que dá de ser bom e é bom. Tem hora que dá de ser ruim e é pior que isso. Senti até minha coluna estalando de tão arrepiada que ficou. As botas no lugar certo até que podia ser coincidência, mas saber que eu chamava minha mãe de Mãe já foi extrapolar. Deu medo sim, porque não diria? Quase me borrei se é que você me entende. Mau presságio. O sujeito olhava pra fora e eu vasculhei a roupa dele de cima abaixo. Nada visível, digo nada de arma. Daria pra ver. Mas isso não me tranqüilizou. Tive que perguntar. Uma droga de pergunta que não se faz nessas horas, mas é assim mesmo que se vive.
- O que você faz da vida? - forcei um tom casual, só faltando assoviar enquanto falava.
- Eu sou um tomador de vidas.
Frio. Muito frio.
- Algo relacionado a seguros? - perguntei fazendo meus olhos correrem disfarçadamente para o Tonhão, o porrete que carrego perto da porta pra segurança.
- Você sabe que não. E pode deixar o Tonhão no lugar que eu não te quero mal. Quando estava lá no posto, senti o chamado. Só isso. Sei que tenho umas vidas pra tomar - ele fez uma pausa e sorriu largo - e acho que vai ser agora.
Cada vez mais frio. Olhei pela janela e vi a escopeta apontada. Agora era o suor também que escorria pelo meu pescoço. Assaltantes fechando o caminho, sem passagem. Corria e morria. Parava e rezava.
Parei. Ele saltou. Sem se preocupar com as armas apontadas. Desceu falando com a voz monótona, como lá no posto. Sorrindo de leve, gingando de leve, até saltar em cima do primeiro, nem um pouco de leve. Vi o sujeito voando pra cima do primeiro assaltante. Grudou na cintura dele e deu uma dentada no peito do sujeito. Dentada forte, arrancando carne e o que mais viesse debaixo da camisa. E mordeu, e de novo e novamente, até abrir um buraco bem do tamanho de uma bola de futebol. Os outros assaltantes demoraram pra entender o que acontecia. Só quando ele pulou em cima do segundo é que começaram a atirar. Eles atirando e eu estirado no assoalho da cabine. Só ergui a cabeça quando não tinha mais barulho de tiro. Só tinha barulho de coisa rasgando. Não me preocupei não. O motor tava ligado. Sentei no banco, engatei logo uma terceira e saí trotando com o velho Batuque pra diante. Acelerava o que dava. Acelerava e rezava.
Deixei a cena pra trás, visível no retrovisor do bruto e no fundo dos olhos. Restou pra mim a lembrança do sujeito, um par de botas sob o banco e minha vida que segue ainda pra da próxima atentar pro que a Mãe dizia.
Ficou também a estrada a frente outra vez e o sujeito danado lá pra trás, mastigando, roendo e tomando a vida de quem queria tomar a minha. Que descansem em paz.


Thiago Fiorotti

23 maio 2005

Clima melancólico...

Dia sem sol...

Mais uma tarde nublada,
com um melancólico tom em sua face
lágrimas fluem de ti
em reverência ao responsável,
pelo tamanho ato de gratidão
que foi guardado com carinho
fronte ao desespero e a solidão.

Bailam no ar gotas de amargura
afoitas, sedentas pelo abraço ao solo...
solo onde encontram o afago,
o consolo,
o caminho para a redenção.

...

Redenção essa que não deveria existir,
apenas no solo em que piso
e sim no fruto da lógica,
da doce sabedoria do desapego...

...

mas...

A hora chegou,
encontrem o descanso final
marquem o solo com o fardo que carregam
"será um prazer dissipar,
o câncer que mancha tua linda imagem"

Magno Pinheiro

Doença emocional...

Luz da minha escuridão...

Mentiras me consomem
como uma doênça emocional...
depressão vinda do inferno,
abismo sem fim,
luz da minha escuridão
fim do meu silêncio
eterno desgosto
deixe-me levantar do meu descanso
com lágrimas de tristeza
palavras sem sutileza
descanse
durma em paz...

Magno Pinheiro

18 maio 2005

Confiança...o que significa essa palavra ?

A Urna


Ostentava em meu santuario
uma urna de divina beleza
reluzia com perfeição os próprios raios que emanava
mas nem todos conseguiam enxergar a luz que vinha da linda urna.

Um mero sopro...
um sopro lotado de incompreenção,
derrubou aquela urna,
que sustentava tudo aquilo em que eu acreditava.

...
...
...

Quebrado...
foi quebrado...
por você...
usurpadora do meu santuario...
aquela que recebeu a dádiva de se deslumbrar,
com um tesouro que a poucos eu deixei observar...

...
...
...

Pedaços se espalhavam pelo chão...
1000 peças se confundiam com o sopro...
e cada momento , mais dificil era remontar
aquilo em que eu mesmo acreditei,
ser a verdade absoluta...meu tesouro...

Por que age de forma estranha ?
minhas perguntas te incomodam ?
te fazem sofrer ?
o que é a sua dor perto da que eu passei,
e da que eu ainda passo...?

Por que deixei de acreditar em mim para acreditar em quem não merecia ?
Por que a voz se cala diante da verdade...?
não era o que eu desejava saber...
apenas senti...
a dor...
a agonia..
um horizonte sem palavras...
encontrei a face que enterrou o meu mais precioso tesouro...


VOCÊ...


Magno Pinheiro

13 maio 2005

Dont you realize!!!!

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A------------------------------------------------------------------------
F-12-12-12-12-11-11-11-11--8--8--8--8--7--7--7--7--8--8--8--8-11-11-11-11
C-11-11-11-11-10-10-10-10--7--7--7--7--6--6--6--6--7--7--7--7-10-10-10-10
G-10-10-10-10--9--9--9--9--6--6--6--6--5--5--5--5--6--6--6--6--9--9--9--9
C------------------------------------------------------------------------

D------------------------------------------------------------------------
A------------------------------------------------------------------------
F-12-12-12-12-11-11-11-11-12-12-12-12-15-15-15-15-14-14-14-14-12-12-12-12
C-11-11-11-11-10-10-10-10-11-11-11-11-14-14-14-14-13-13-13-13-11-11-11-11
G-10-10-10-10--9--9--9--9-10-10-10-10-13-13-13-13-12-12-12-12-10-10-10-10
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D-------------------------------------
A-------------------------------------
F-11-11-11-11--8--8--8--8--7--7--7--7-
C-10-10-10-10--7--7--7--7--6--6--6--6-
G--9--9--9--9--6--6--6--6--5--5--5--5-
C-------------------------------------

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F-12-12-12-12-11-11-11-11-8-8-8-8-7-7-7-7-8-8-8-8-11-11-11-11-12-12-12-12
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G------------------------------------------------------------------------
C------------------------------------------------------------------------

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F-11-11-11-11-12-12-12-12-15-15-15-15-14-14-14-14-12-12-12-12-11-11-11-11
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C------------------------------------------------------------------------

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F-8-8-8-8-7-7-7-7-
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D-15-15-15-15-14-14-14-14-11-11-11-11-10-10-10-10-11-11-11-11-14-14-14-14
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D-15-15-15-15-14-14-14-14-15-15-15-15-18-18-18-18-17-17-17-17-15-15-15-15
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C------------------------------------------------------------------------
G------------------------------------------------------------------------
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D-14-14-14-14-11-11-11-11-10-10-10-10-
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C-------------------------------------
G-------------------------------------
C-------------------------------------

07 maio 2005

TRADUZA PARA A SUA VIDA....

Um Brilho no Infinito

Rodeado de lanternas no infinito breu da noite
sinalizo a esperança em cada ponto
junto ao meu olhar,
sou aquele que apenas quer observar
a estrela que nos implora um olhar
mesmo que um pequeno olhar
onde a sua luz,
não deixa de nos alcançar
orgulhosa em exaltar
o seu maior tesouro
sua luz,
que nunca
irá se apagar
no coração
de quem
a deseja
sem ao menos
tentar.


Magno Pinheiro

05 maio 2005

TRADUÇÃO DE ROSES ----> SILVERCHAIR

Roses ( Rosas )

Esvaziado ao máximo
Não tenho mais vida
Vazio se é permitido
Se eu pudesse ao menos respirar

Cheirando rosas mortas

Leve sua mente com você
Não há espaço para dois
Não consigo lidar com vocês
Lidar com vocês dois

Cheirando rosas mortas

Mas eu não vou cair
Não eu não vou cair



mto maneira a letra dessa música né ??? eu me amarro em letras desse tipo , considero o vocalista do Silverchair um grande poeta...ñ é a toa q logo c percebe a obra de arte q ele deixou nessa música....vcs gostam de escrever poemas ? pensamentos ?? comentem sobre isso...e deixem um link kso vcs postem na net tais pensamentos....

Magno Pinheiro