31 janeiro 2012

O Vento

O Vento


O transtorno que abala os lábios
enclausurados, reféns da solidão
o tom amargurado que assola
antes de nascer, felicidade de quem ?

Se choras antes, secas os caminhos
que a levariam a não se perder,
rio sem sal, rio sem mar,
nadarias sem peso, antes de evaporar

Mas ainda assim dorme,
sono de ontem, sonho do amanhã
se encolhendo
buscando os cantos sem retas

Em um pestanejar sincrônico
um coma induzido pelo selar,
um véu perecível, adornado pelo tempo
do rosado novo ao rosado velho

Selando o vento...
e com ele a paixão de criar
o sentimento tão desejado,
que um dia buscou quando o vento


Ainda sabia voar...



Magno Pinheiro

12 janeiro 2012

Pedaços

Pedaços



Na noite que existe
No ar, o alento ensurdecedor
Fugir de sí, ao céu chegar
Cego, surdo e louco.

A saudação de boas-vindas
O fim que retorna ao seu dia a dia
No desespero, seu consolo
Nomes se aproximam, mas quem sou eu ?

Um estranho a vagar, pela aprovação
Que existe em cada um, mas em mim
Miséria, migalhas, sou o que sou
Me conforte sonho ruim.

Estenda a sua mão,
Tire-me de sua realidade
Reflita no espelho aquoso
A única saída, verter.

Para onde o solo é mais próximo
De ponta-cabeça, o estranho mundo
Da imagem sem foco, sem direção
Desgosto com gosto de terra.

Em mil pedaços, estou.



Magno Pinheiro

09 janeiro 2012

Sincronia

Sincronia




Existe uma sincronia entre o novo e o velho,
no velho o novo se remonta, no novo o velho se refaz
e vivendo essa montagem tão lógica, o absorto se cria
livre para pensar e agir, sem sombra e sem dúvida,
invisível até para o chão em que pisa...

...

Mas é triste,
é triste ver o ser que pensa,
mas na verdade, sente...
e se obriga a virar palavra

Quando humilhado e amargurado
brinca com o próprio intelecto
desfigurando a sua imagem
no riso açucarado e delicioso

Que acaricia a sua língua infantil
dando forças para uma nova-velha
viagem ao centro de sua redoma
sua bola, seu chute, seu rosnar

...


Sorria ! Sorria !
Sorria e deixe fluir a bílis
que degusta com prazer o seu interior
Sorria ! Sorria !

E se rasteje, no encaixe
do triste e apagado retrato
que no ontem nunca foi novo e agora se refaz
em sua ditosa e melódica sincronia...



Magno Pinheiro

02 janeiro 2012

Explosão

Explosão



Romantizar os desejos
Ser o solo aguardando a flor,
A melodia que acaricia o arrepio de suas costas,
As cores em formato de peças,
O quebra-cabeças quase formado,
As linhas que esperam o traço.

De tuas pequenas e delicadas mãos,
Que aproximam as horas, em cada sorriso destinado
Ao certo dia, à certa hora do seu chegar, do existir
Do minuto adiado, do recanto não visitado,
De um nosso que já desejava ser, no antes, no mesmo.

Ver, os olhos famintos pelo real, a pele faminta pelo surreal,
Em transcender a temperatura além dos limites do azul celeste,
Do espaço que se faz pouco, ao sentir exagerado,
Dos corpos em suas órbitas, atraídas pelo querer
Sorrisos, constelações abraçando a epifania,
No eterno querer, de se formar para o além dos sentidos.


Explosão...



Magno Pinheiro

1/2

1/2




Meu lar nasceu no seu sorriso
Minha cantiga de ninar,
Minhas cordas, minha canção

Que de lábios quentes, pronuncio
Teu hino em forma de nome
Meu caminho para a paixão

Que brilha, que pisca
Que me chama, que me enfeitiça
Nesse código do amar

E que de maneira aberta me chama
Alimenta o meu desejo
E corre para perto ficar

Na fantasia da rima desenfreada
No meu afago mais desejado,
Minha divina e efêmera ilusão...

Corre, corre pro meu peito,
Me encha de carinhos,
Corre, e me faz cantar

Como é bom viver,
No meu universo,
Dentro do seu sorriso...



Magno Pinheiro