25 abril 2013

Onda

Onda




No ouvir das ondas bater
posso tudo desejar
levar as ondas que se rebatem
como peixes a bailar
com a falta do mar

E na criatividade, imaginar
desenhos a se formar em branca espuma
livre de outra matiz, sendo teu infitino
na massa gigante que reflete o azul céu
em areia que molda, quadro sem dunas

De fartas pegadas, praia de luz
do sol que também banha
acima de cada lado, na linha imaginária
no rosto que se banha do oceano

Litoral que embebido em beleza,
se entrega ao carinho gelado
do seu afortunado paraiso
sem tamanho certo, mas que presenteia

Tua morada de maneira única
ao deslizar em teu reino
vindo de lá com um nome
e pra cá com um desenrolar

De linguas que pronunciam
teu ditoso e aquoso nome
quem em qualquer lingua
sempre será


Onda.


Magno Pinheiro

05 fevereiro 2013

Não Extinto

Não Extinto


Saudade, flor púrpura
fluída, leve, sutil em forma,
ascende no terreno da mente

que em meio a tantas sementes
é a mais bela, triste, risonha
um embaraço, uma cor, saudade

na distância que equivale
o teu querer, o teu retorno
se faz aqui, no agora, peito aberto

onde se esgueiram raizes
que abraçam a cada pulsar
o leve gosto de outrora

onde vistosa, pétala bailarina
se deixou levar no vento sul
para longe de onde trilha

a estrela que hoje
pertence ao dia de amanhã.


Magno Pinheiro

30 outubro 2012

Peractorum


Peractorum


Os sintomas mudam
a fé se descola além do mar
em barcos feitos de papel
sem medo de se perder
sem medo de se enganar

Num balançar sem enjoo
sem o sol por perto
no tapete gelado, aquoso
sem contar as horas, sem tempo
doa-se a falsa eternidade

Que se esconde na linha que vibra
sobe, desce, vira arco, espuma
e ainda assim, leva o conteúdo
tão forte conteúdo, da rocha que flutua,
é tão forte o que se deixa levar...

E que mesmo que se banhe 
com o mar que vem de cima
com o brilho das lâmpadas que falham,
com a brisa que luta para te fazer não chegar,
ainda assim, se aproxima, tão só te buscando

Sabendo que é de ti que a busca ressoa
sabendo que as letras que solidificam o papel
são mais do que frases soltas, são as emendas
que faltam ao teu ser, o cumprimento da promessa
o mais puro deleite do que antes foi o agora...

No suspiro prolongado
que se desfez 
no sorriso de outrora


Magno Pinheiro

27 setembro 2012

Papel e tinta


Papel e tinta


Uma metade sem razão
se prosta sem destino
igualitária ação
sem jeito a dizer

Ao escuro sem som
que reside no interior
parte sem imagem
parte sem cor

Esgota-se, remoe
marca o zero entre o meio
cortando caminhos, sem fuga
maior, sem medos

Literatura já sabida
biografia do ontem
lenta e repetitiva,
maré que sobe e desce

No que se pode concretizar
nesse igual, sem um ponto de vista
mágoa que traz a serenata
que vem imunda, vadia...

Entre todas as histórias
que contam pesadelos
no viver sem pestanejar
em tão distante logradouro

Na fuga que se esconde na fuga,
matéria cinzenta
em quadro introspectivo
e no respiro a mais

É que se diz:

Suma que não te quero mais...


Magno Pinheiro

11 setembro 2012

Veranil


Veranil



Dentro da história
leve como uma pena
a estranha sensação de estar
no ar, sem os pés tocarem
as nuvens, tão distantes...

Que os olhos se enganam ao enxergar
vaga mente, vagamente, mentiras enaltecidas
contornos sem abraços
das velas que se apagaram, lágrimas sem dor

Dentro do coração, o nada se desfaz
um outro algo se faz, nasce sem perder
sem perdão, andando até não encontrar
onde o longe é novamente claro

Nesse tempo em que o verão se distancia
e a cada vez mais a pintura perde o azul
loucura que em algum momento viveu
em cada batida sem eco, de agonia
que distancia a qualquer custo

Do precisar, do viver, o verbo ação
esquecer sem fechar os olhos,
do sorriso que se materializa
feliz como só pode ser,
feliz por não ser...

Shhhhh...


Magno Pinheiro

25 maio 2012

Falante


Falante


Melodia como pano de fundo, voz cantada, 
sussurro desinibido, em coesa harmonia
migratória como eco, malabarista entre fendas
beleza em ondas, mar seco, dona da chuva
seca, riso frouxo, malícia e irônia


Sorristes? não, não, proibo-te
nunca sorristes antes sem me pedir
debochada quando quer, não não...
não me venha com notas soltas


Minh'alma não suportaria a escolha
de soprar para bem longe a tua presença,
migra de volta como a passarada de veroneio
ao véu da multidão, uníssona, venha


Marcar a noite, a história, o sabor
sem mexer com nada mais do que o agora
sem peso, mea culpa, nada que entregue
imaterial, quero-te, logo, ontem, silêncio




Shhhhhh
o silêncio ecoa
shhhhhh
ecoa...



Magno Pinheiro

02 maio 2012

Bordão


Bordão


Sono de outrora
Caminho curto
Vítima da aurora
Nas horas se estranham
Passam, se enganam
Loucas e comedidas
Sonoras e silenciosas
Mínimas e revoltadas
Impregnadas de coragem
Maravilhadas, entediadas
Sibilantes antes do bote
Indiferentes antes do dote
Que guardou em palavras
Na vontade sem querer
Dignas de um outro dia
Quando acordar se transforma em lenda
no despertar sem o outro você


Magno Pinheiro