28 fevereiro 2011

Já te perguntaram alguma vez qual é o papel do poeta ?


Eu já me fiz essa pergunta e por muitas vezes pensei que saberia responder, mas as palavras iam e vinham como em uma coreografia desconhecida, me mostravam que a direita poderia nem ao menos ser a direita e que ser o direito era algo completamente de direita !

Se o mundo poderia responder essa pergunta ? ...Claro, assumindo que o mundo em que eu vivo, ou melhor dizendo, o planeta Terra, tivesse tal capacidade, acredito que o que os olhos poderiam captar, nas palavras elas acabariam criando gosto, sabores embebecidos para cada palavra pronunciada, isso é claro, se o mundo pudesse falar.

Seria até mais fácil buscar essa resposta na simplicidade das coisas, veja por exemplo as nuvens, elas sempre buscam de maneira delicada se inspirar nas sombras que criam em sua passagem pelo anil do céu, e bem de mansinho se transformam do algodoado branco no acizentado cor de pedra, de onde volta e meia derramam pela mesma terra a qual caprichosamente pedem emprestada a cor, o sabor do céu, chuva.

O forte sentimento seria capaz de responder ? Imaginem os apaixonados que retiram do ar o néctar em cada suspiro, que fazem dos olhos, faróis perdidos ao mundo real, e que em cada sonho que virou realidade, transpiram uma nova realidade, de sopro valente que empurra para longe a distância da solidão e que em outro alguém faz dos atos uma nova maneira de falar.

...


Inquieto e ainda curioso me pergunto, qual é o papel do poeta ? Se a sua volta o mundo que ele busca também ruge dentro de seu peito, onde vive de maneira platônica idéias e sentimentos. Quem melhor pode imitar o mundo senão o poeta imitando cada nuvem, sentimento, cada direção, cada mundo onde somente se vê o seu querer ?

Poeta...me responda...

Magno Pinheiro

05 fevereiro 2011

Perfume

Perfume



Não gostaria de dizer
Que o silêncio é o teu encanto
A maneira que me faz sentir
Não se esconde com o selar dos seus lábios

Tua ausência, teu mundo que treme
Abala o aconchego que busco
Em tua pele, que perde o gracejo
Quando não te vejo voltando para mim

Dormência, a que carrego em meus braços
Não sinto mais a temperatura que antes
Foi responsável pelo sorriso que nascia
Em cada poro de meu corpo, solidão

O que me mostra e o que desejas ?
Apenas sinto o inverno confuso
E o vento que corta a cada investida
A quantas estações estou de você ?

Me faça escutar, me faça enxergar
O que não vejo, senão a insegurança
Que ancorada em meu peito se faz cruel
Me ensine uma vez mais a respirar

O perfume que nós dois sentiamos
Ao nos tocar, a essência do sorriso
Sincero, entregue ao peito
Como presente tirado do infinito

Me ensine...



Magno Pinheiro