27 setembro 2012

Papel e tinta


Papel e tinta


Uma metade sem razão
se prosta sem destino
igualitária ação
sem jeito a dizer

Ao escuro sem som
que reside no interior
parte sem imagem
parte sem cor

Esgota-se, remoe
marca o zero entre o meio
cortando caminhos, sem fuga
maior, sem medos

Literatura já sabida
biografia do ontem
lenta e repetitiva,
maré que sobe e desce

No que se pode concretizar
nesse igual, sem um ponto de vista
mágoa que traz a serenata
que vem imunda, vadia...

Entre todas as histórias
que contam pesadelos
no viver sem pestanejar
em tão distante logradouro

Na fuga que se esconde na fuga,
matéria cinzenta
em quadro introspectivo
e no respiro a mais

É que se diz:

Suma que não te quero mais...


Magno Pinheiro

11 setembro 2012

Veranil


Veranil



Dentro da história
leve como uma pena
a estranha sensação de estar
no ar, sem os pés tocarem
as nuvens, tão distantes...

Que os olhos se enganam ao enxergar
vaga mente, vagamente, mentiras enaltecidas
contornos sem abraços
das velas que se apagaram, lágrimas sem dor

Dentro do coração, o nada se desfaz
um outro algo se faz, nasce sem perder
sem perdão, andando até não encontrar
onde o longe é novamente claro

Nesse tempo em que o verão se distancia
e a cada vez mais a pintura perde o azul
loucura que em algum momento viveu
em cada batida sem eco, de agonia
que distancia a qualquer custo

Do precisar, do viver, o verbo ação
esquecer sem fechar os olhos,
do sorriso que se materializa
feliz como só pode ser,
feliz por não ser...

Shhhhh...


Magno Pinheiro