02 fevereiro 2012

Houve um tempo...

Houve um tempo...



Houve um tempo em que a música sabia tocar, ela dizia aos ouvidos tudo o que se queria escutar, sábia e desmedida, nunca se preocupou com o que dizer, leve por natureza, na simplicidade se fazia ressoar, foi de tempo em tempo dizendo o verbo solto, de tempo em tempo, escondendo o próprio amor do povo, mas nunca deixou de ser música, mesmo aos ouvidos que não a pudesse escutar.

Ah, que maldade ! que maldade eu digo !
assumo que sou música, pois no teu ouvido quero estar !
mesmo que me renegue, sou melodia antes mesmo de ser paixão
me encontro nas esquinas e nas alamedas de seu coração
pintando de cores e buscando os frutos, que escondes
em tuas camadas transparentes, doce alma

Livre e desenpedida, alça voo, sobe aos planos imortais
e se faz livre, voa, voa e diz que o som que lhe toca
é o mesmo que acaricia outros ouvidos, não temas, não serás rejeitada
tens o teu ninho, teu canto certo, não precisas procurar, o teu ninho te busca
repousa em quem te aceita, em quem te venera, em quem vive pelo teu gorjear

Soberana, lenta, rápida, agitada, instrumental
marcas o teu tempo com as dezenas, com as diversas passadas
hipnotiza, faz o corpo se reclinar, faz dizer sim,
faz sorrir, faz chorar, faz...



Magno Pinheiro

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