10 fevereiro 2012

O Prazer é todo meu

O Prazer é todo meu



Sorriso, vermelho roubado,
inflama a atenção com tua presença
Gueixa da cor de mármore, sublime
mulher das palavras que lhe cabem

Malabarista das vontades
senhora dos desejos
dama do insustentável querer
dona da aurora, do anoitecer

Noiva do orgasmo, libertina
das unhas de prata, da língua de ouro
do toque sem cor, da maciez instigante
do desabrochar de sensações...

Dominadora das horas medidas
dos olhos que se cruzam,
da ilusão transparente, vigorosa,
do pano que faz a veste se insinuar

Da quietude, do afago,
Do suspiro prolongado,
Do gemido esticado,
Do deleite exacerbado...

Do querer sustentável, inevitável
Eterno pelo tempo que ocupa,
Da entrega ao sopro melódico
Fôlego que se foi, no que me faz...

Ser abraço,
Ser encanto,
Ser tão desejosa função...


(...)


Prazer,
Me nome é prazer...




Magno Pinheiro

02 fevereiro 2012

Houve um tempo...

Houve um tempo...



Houve um tempo em que a música sabia tocar, ela dizia aos ouvidos tudo o que se queria escutar, sábia e desmedida, nunca se preocupou com o que dizer, leve por natureza, na simplicidade se fazia ressoar, foi de tempo em tempo dizendo o verbo solto, de tempo em tempo, escondendo o próprio amor do povo, mas nunca deixou de ser música, mesmo aos ouvidos que não a pudesse escutar.

Ah, que maldade ! que maldade eu digo !
assumo que sou música, pois no teu ouvido quero estar !
mesmo que me renegue, sou melodia antes mesmo de ser paixão
me encontro nas esquinas e nas alamedas de seu coração
pintando de cores e buscando os frutos, que escondes
em tuas camadas transparentes, doce alma

Livre e desenpedida, alça voo, sobe aos planos imortais
e se faz livre, voa, voa e diz que o som que lhe toca
é o mesmo que acaricia outros ouvidos, não temas, não serás rejeitada
tens o teu ninho, teu canto certo, não precisas procurar, o teu ninho te busca
repousa em quem te aceita, em quem te venera, em quem vive pelo teu gorjear

Soberana, lenta, rápida, agitada, instrumental
marcas o teu tempo com as dezenas, com as diversas passadas
hipnotiza, faz o corpo se reclinar, faz dizer sim,
faz sorrir, faz chorar, faz...



Magno Pinheiro