30 outubro 2012

Peractorum


Peractorum


Os sintomas mudam
a fé se descola além do mar
em barcos feitos de papel
sem medo de se perder
sem medo de se enganar

Num balançar sem enjoo
sem o sol por perto
no tapete gelado, aquoso
sem contar as horas, sem tempo
doa-se a falsa eternidade

Que se esconde na linha que vibra
sobe, desce, vira arco, espuma
e ainda assim, leva o conteúdo
tão forte conteúdo, da rocha que flutua,
é tão forte o que se deixa levar...

E que mesmo que se banhe 
com o mar que vem de cima
com o brilho das lâmpadas que falham,
com a brisa que luta para te fazer não chegar,
ainda assim, se aproxima, tão só te buscando

Sabendo que é de ti que a busca ressoa
sabendo que as letras que solidificam o papel
são mais do que frases soltas, são as emendas
que faltam ao teu ser, o cumprimento da promessa
o mais puro deleite do que antes foi o agora...

No suspiro prolongado
que se desfez 
no sorriso de outrora


Magno Pinheiro