16 setembro 2011

Como se quis acreditar

Como se quis acreditar


A inocência carrega
As feridas do inesperado
Em histórias particulares
Uma vez contadas pelo coração


Em chamas, fogueira que se alimenta
com o sentir de outrora, do agora
como em um relógio com o seu próprio tempo
em sua onomatopéia dançante, marcante


Faz o todo ser apenas um
único instante, sobrepujando
a realidade, o pedaço que parte
e se faz ontem, delicada inocência...


Onde por vezes, nem o mais tenro
carinho oblíqua, o desabrochar
do momento, o caminho quebrado
do desacreditar, jovem demais


Quando não se pode acreditar
em tudo que se vê
mesmo sendo álibi da estupidez
vestida de inocência, que nunca foi inocente


Como se quis acreditar...


Magno Pinheiro

11 setembro 2011

Fonia


Fonia


A expressão que corre o rosto
a virgem vertigem, o sorriso equilibrista
a silenciosa escolha, o fogo que deixa de brilhar


Veja a estrada correr, em sua extensão
e os passos que já não acompanham mais
velocidade, sinto lhe informar


O que já desapareceu, nunca foi tão certo,
os sons do sopro matinal, sol interior
sonham em crescer, reinam em sí mesmo


E dizem !


Siga em frente, marche soldado
de nome feroz, fronte de mármore
lábios selados, ordene não saber


Quantas mordidas não feriram
a carne em seu sabor, marcada
pela cor que já habitava por lá


Em um oceano de palavras, 
descrever a minha perdição
é se embebedar com a mudez,


Quando te provar se faz
necessário, meu dia de liberdade,
em teus braços, ganhar outra expressão


No som do seu gosto...
Suspiro...
Um profundo suspiro...


Fonia...


Magno Pinheiro

08 setembro 2011

Do sabor


Do sabor


Mentiras cor de vinho
acariciam a sua garganta
doce que degustas facilmente
que apaga o amargo duvidoso de outrora


Aos meus ouvidos chegaram, contando histórias
mostrando seus adornos, em um aperolado sorriso
maquiando a conversa em tom descontraído


Solando as notas com vigor, em um único sopro
alegria, e em um único devaneio, tristeza
confusão inebriante, irônia recusada


Onde está o sentido ? Meus cinco sentidos
também querem saber, Por onde escapas ?
Furtiva realidade, aonde podemos nos encontrar ?


Incendeiem suas piras, afastem o enxame da escuridão
que zumbindo incomodam os olhos, cegam os ouvidos
farejam as mãos com o seu espaço inerte, apalpam as narinas com o vazio


A quietude...
A quietude se aproxima...
Teu gosto...teu gosto me consome...
Rasga-me o peito e me contorce por dentro


...


E tudo isso porque...
Tudo isso porque,
Eu deixei acariciar meus lábios,
com a cor de vinho, doce que foi, outrora 


Em meu ser...



Magno Pinheiro

Diga a ela...

Diga a ela...

Diga a ela, quando a vir
que os meus braços não são
os braços que a abraçam.


Diga a ela, que o sonho que um dia sonhei
é o mesmo que ainda está aportado
nas vias de seu coração.


Diga a ela, que a história que virou conto
sobrevive sem a intenção de virar lenda
quando o que se sente arde além do que as chamas
podem oferecer.


Diga a ela, que a minha palavra ainda é dela
que os calafrios que hoje sinto, nascem da ausência do seu toque
e que se meu coração hoje sofre, sofre sem culpa
murmura suas batidas que chegam de mansinho aos ouvidos curiosos,
sem culpa, e que mesmo sofrendo ainda lhe pede...


Diga a ela, quando a vir, que mesmo sofrendo
o que de melhor em mim tiver,
dela sempre será.


Magno Pinheiro