31 dezembro 2009

Temos a tendência

Temos a tendência


Temos a tendência a questionar idéias
Pessoas em formas de pensamentos
Pensamentos com formas ocultas
Criadas no imaginário, no será...

Temos a tendência a achar
E depois esconder, e novamente achar
Nos achados e perdidos do tempo
Tudo aquilo que gostariamos de amar

Temos a tendência a congestionar,
Ruas desertas com palavras apressadas
Fluentes, compreensíveis, incompreensíveis
A todos aqueles que as desejam escutar

Temos a tendência a simplesmente sermos
Dentro de tanta imaginação,
Um questionário infinito de fantasias
Criadas em algum momento, em algum lugar

Temos a tendência a simplesmente viver
Famintos, amedrontados, inabalados
Mas com a certeza de que tudo que vivemos
Não aconteceu a toa, nós tivemos que passar

Temos a tendência a brincar com as cores
Colorir facetas, quadros, máscaras
Em uma nova pintura, que somente
Os nossos olhos puderam captar

Temos a tendência a capturar,
Em um egoísmo mundano
Tudo aquilo que veneramos
Para depois ao tempo, largar

E...

Temos a tendência de juntar palavras
Achar que delas somos donos, quando
no final das contas, aos pés delas
nunca deixamos de estar.


Magno Pinheiro

14 dezembro 2009

Bossa do Sofredor

Bossa do Sofredor


Ah, cadê você ?
Ah, quero te ver
Ah, cadê você ?
Ah...

Quando era noite,
O dia era ilusão
Quando era frio
Não havia no meu coração
Uma lembrança, um algo pra me aquecer
Um triste fim, um algo pra se esquecer

Ah, cadê você ?
Ah, quero te ver
Ah, cadê você ?
Ah...

E sigo triste, mas não vou me desesperar
Sei que com as horas, posso me recuperar
O que já foi não custa a procurar por mim
No meu silêncio venho a te lembrar assim

Ah, cadê você ?
Ah, quero te ver
Ah, cadê você ?
Ah...

Sigo em frente, sigo com a decepção
Na minha frente, vejo só desilusão
No meu espelho, volto a te procurar
Mas teu reflexo, não quer mais voltar

Ah, cadê você ?
Ah, quero te ver
Ah, cadê você ?
Ah...


Magno Pinheiro

09 dezembro 2009

Momento Selvagem

Momento Selvagem


Aqui estou, nesse frio mundo
No torpor das idéais
Nesse lugar fechado
No torpor das palavras

Aqui nesse lugar selvagem
Sem ordem, buscando por você
Que saiste sem rumo
Apagando rastros, me deixando...

Sem laços, repetindo insistentemente
No escuro, sem saber
Como me livrar ? Me pergunto
Desse lugar selvagem

Onde foste parar ?
Não se vá !
Faça o tempo parar
Para a frase certa, eu declamar...

No teu ouvido...
No teu abrigo
Que ao longe foste morar


Magno Pinheiro

Onde foste parar ?

Onde foste parar ?


Aqui estou, nesse frio mundo
No torpor das idéais
Nesse lugar fechado
No torpor das palavras

Aqui nesse lugar selvagem
Sem ordem, buscando por você
Que saiste sem rumo
Apagando rastros, me deixando...

Sem laços, repetindo insistentemente
No escuro, sem saber
Como me livrar ? Me pergunto
Desse lugar selvagem

Onde foste parar ?
Não se vá !
Faça o tempo parar
Para a frase certa, eu declamar...

No teu ouvido...
No teu abrigo
Que ao longe foi morar
Minha inspiração

Não se vá, não...
Mas se um dia se for
Volta com saudade
Que é para no meu peito

Tu novamente fazer morada
E lá se aconchegar
E na tua idéia reverberar
A idéia de nunca mais me deixar


Magno Pinheiro

03 dezembro 2009

Febre Interna

Febre Interna


Febre interna, Língua quente,
Apenas uma condição de harmonia
Desenfreada, desejo de cura
Vem e apazigua o que sinto

Dê-me uma nova condição de dizer
Preciso, cansado de repetir
Aonde foi parar a pergunta ?
Palavras se vestem de fugitivas

Listradas, monocromáticas
O que desejam enxergar ?
Nesse louco paradoxo,
Aonde vejo o que tu pode falar

Febre interna, temperatura que sobe
Amolece o coração, o corpo, a alma
Necessidade desenfreada, descanso
Vem e apazigua o que sinto

Me arrasta para longe da indiferença
Dessa condição insana, aonde o calor
Vira o inimigo, sobe sem consultar
Consulta apenas a necessidade egoísta

De se fazer sentir, sem identidade
Só necessidade, brincando no escuro,
No escuro noturno de um corpo
No interior, abrigo oculto

Aonde tu, Febre interna,
Língua quente, ambas em harmonia
desenfream palavras, pedindo,
imploram, para te ver passar.


Magno Pinheiro